A repercussão de um vídeo no qual uma tartaruga sofria com a retirada de um canudo de plástico no nariz ultrapassou as correntes de Whatsapp e mídias sociais influenciando projetos de lei como o da prefeitura do Rio de Janeiro e do governo do Espirito Santo que decidiram pela proibição dos canudinhos de plástico.
Essa medida busca forçar uma conscientização da população para adotar alternativas como canudos de papel biodegradáveis, de bambu ou até metal. Porém, um pacote com mil canudos biodegradáveis custa R$ 170,00 enquanto o de plástico, na mesma quantidade, sai a R$ 6,00 o que elevaria muito os custos dos estabelecimentos e consequentemente, os preços dos produtos vendidos.
A velocidade com que os comerciantes conseguem encontrar alternativas é demasiadamente devagar quando comparada a rapidez de uma canetada em um novo projeto de lei.
Na prática, o movimento da prefeitura de regular o hábito do cidadão pune os que descumprirem a lei com multas entre R$ 600,00 a R$ 6.000,00 no Rio, R$ 16.000,00 no Espirito Santo e acabou gerando um efeito contrário ao esperado. Nas praias, os copos de plástico, igualmente poluidores, e garrafas de vidro, muito mais perigosas, assumem o papel dos canudinhos de plástico.
Usado nos eletrodomésticos, na industria têxtil, na agricultura, na saúde e em outros setores, o plástico é conhecido como um produto maleável, duradouro e barato ou seja, as características perfeitas para ser produzido em massa e se tornar um problema ambiental.
Porém, segundo o José Ricardo Roriz, Presidente da FIESP (Federação das indústrias de São Paulo) e da Abiplast (Associação que representa a indústria dos plásticos) o plástico é um produto facilmente reciclável se destinado corretamente, o que coloca o problema na mão da prefeitura, sua rede de coleta, educação e segregação do lixo em vez de no consumo dos canudos.
É justamente esse pensamento sistêmico que falta no Governo, pois a sustentabilidade deve ser encarada como um ciclo, sendo assim, é imprescindível que o canudinho retorne à cadeia produtiva através da coleta seletiva bem estruturada. Enquanto isso, a indústria deve investir no desenvolvimento dos biodegradáveis até que alcancem custos viáveis ao mercado consumidor e o consumidor fazer a sua parte evitando o consumo desnecessário no canudo.
Porém, é mais fácil legislar sobre o que se vê do que sobre o que não se vê. O que não se vê são as consequências desastrosas de uma medida que interfere diretamente na economia de uma região, obrigando-a a escolher entre usar alternativas mais poluidoras e perigosas ou aumentar o custo do produto final.
A proibição dos canudos é algo tão inútil quanto ingênuo e reflete na prática como mais um custo para a população e uma reserva de mercado para canudos de metal , provando que um governo grande não só cobra muitos impostos como também encarece relações de consumo através das suas intervenções desastrosas.
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Maior verdade.