O Espírito Santo é um dos cinco estados que insistem em manter seu portfólio de empresas estatais em um banco regional. O Banestes é considerado por entidades sindicais do nosso estado como um ativo público que precisa se manter nas mãos do governo contra o que consideram cartéis bancários nacionais.
Nas últimas décadas foram várias as tentativas de privatizar o Banestes que possui a maior rede bancária estadual com mais de 800 pontos de atendimento distribuídos em 78 municípios sendo que 19 deles são assistidos unicamente pelo banco estadual.
A última tentativa foi há uma década, quando o banco passou por momentos financeiros complicados, causando, inclusive, aos cofres públicos despesas que chegaram, em 2002, a representar 21% das contas do estado do Espírito Santo.
Nessa época, sobravam casos de corrupção e má gestão, com empréstimos sendo feitos a pessoas sem critérios financeiros mas por influência política e gerentes, superintendentes e diretores sendo contratados por indicação do governo.
Desde então, o cenário virou e o Banestes vem melhorando sua gestão, com contratações de mercado e resultados que ano a ano demonstram um lucrativo crescimento em seu patrimônio líquido e fechando 2017 com um lucro de R$ 175,5 milhões de reais, eliminando assim qualquer necessidade de venda do banco para cobrir os prejuízos históricos.
Porém, é essa a função que queremos para o governo do estado?
Precisamos colocar todas as cartas na mesa e refletir sobre o papel do estado. O que o Banestes oferece ao povo capixaba que os outros bancos federais ou privados não possam oferecer? Nada!
É de interesse da população que o governo do estado se comporte como banqueiro quando temos esgoto a céu aberto na frente de nossas casas?
O propósito do estado deve ser fomentar o desenvolvimento em infra-estrutura, rodovias, segurança, mobilidade urbana e saneamento básico, porém, os indicadores dessas áreas estão bem diferente dos resultados do banco estatal.
A privatização do Banestes para um banco federal, como o proposto por Hartung em 2009, não só garantirá os mesmos benefícios aos setores da agricultura, do comércio e da indústria como também formará um caixa positivo para investimentos nas áreas carentes supra-citadas com um retorno social e financeiro à população capixaba muito maior do que os dividendos pagos para os acionistas.
A “questão estratégica” para o nosso estado defendida por políticos passa sempre pelo aparelhamento da entidade e influência do governo na sua gestão. Por mais bem intencionados que sejam nossos políticos o que vimos na prática é uma movimentação reativa do Banestes frente a modernização e digitalização dos bancos concorrentes, federais e privados.
A falta de propósito claro de qual é o papel do estado na sociedade gera um paradoxo que resulta em uma crise de identidade observando-se em estado que mal paga suas contas, com avanços tímidos em setores fundamentais gerenciando um banco para, segundo suas peças publicitárias, dar orgulho ao capixaba que convive diariamente com esgoto a céu aberto, enchentes, duplicações que só funcionam na área do pedágio, estradas péssimas e crise eminente na segurança.
No Comment